Quando Ogun me salvou em um sonho

Helton Silva
3 min readApr 23, 2024

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Primeiramente, peço licença para compartilhar esse sonho que tive. Não sou uma pessoa que frequenta ou faz parte de alguma religião de matriz africana, como Umbanda, Quimbanda ou Candomblé. Porém, tenho muita afeição e respeito, e como sou uma pessoa muito espiritualizada, sempre me permito acessar os símbolos, as comunicações e as forças que as entidades e orixás nos oferecem.

Por possuir certa sensibilidade, acabei criando uma relação de intimidade com essas entidades e as sinto muitas vezes de forma tão intensa que me permiti não me entender mais como um ateu (desde jovem, carregava essa ideia na minha cabeça).

Começar a sentir com maior intensidade essas conexões foi uma questão de tempo, até o momento em que um sonho ficou marcado na minha memória e nunca mais saiu. Compartilho-o aqui de maneira rápida, acompanhado de pequenos rabiscos e esboços de como foi e como ainda me lembro.

Ogun, o capacete e o museu

Lembro-me de que, no sonho, eu estava em uma espécie de sala toda branca. Parecia uma daquelas salas infinitas, com paredes e corredores enormes. Ao mesmo tempo que me dava uma sensação de infinitude, também senti que eu era muito pequeno, muito vulnerável, apenas um pontinho no meio daquela vasta coloração fluorescente sem uma única cor.

Ao caminhar naquele cenário branco, percebi que as paredes possuíam alguns compartimentos protegidos por um vidro transparente, como se fossem aquários embutidos nas paredes, como em um museu ou local de exposição.

Ao me aproximar, notei que dentro desses compartimentos havia alguns objetos aparentemente antigos, todos oxidados pelo tempo e com estéticas bastante peculiares.

Um desses objetos que consegui ver, e que por um momento me deixou paralisado no sonho, era um capacete. Muito semelhante ao que é usado por São Jorge, que está associado a Ogun no sincretismo religioso brasileiro.

O capacete também apresentava ferrugem por toda sua superfície e, por um momento, ele se tornou o centro do meu foco em meio a toda aquela imensidão branca do ambiente em que eu estava.

Depois de um tempo olhando fixamente para esse capacete, comecei a sentir uma sensação muito ruim, uma sensação de angústia, como se eu estivesse em perigo. E é muito ruim quando, nos sonhos, a gente se sente em perigo, tenta se mover, mas o corpo não obedece, o que torna tudo ainda mais difícil. Essa sensação me fazia sentir uma presença muito hostil às minhas costas; acho que nunca tinha sentido algo assim antes.

Depois de um tempo paralisado, consegui levemente virar minha cabeça para o lado direito, onde havia um corredor infinito, sem curvas, apenas reto, com vários outros corredores cruzando-o. Em um desses cruzamentos, avistei uma pessoa em pé, com uma postura de guerreiro e vestindo roupas azuis e brancas… ele era lindo e sério.

Por um momento, pensei que ficaria assustado com ele, mas, ao vê-lo, minha mente pediu ajuda, pois eu já estava em perigo. E, em questão de segundos, ele se aproximou de mim com uma velocidade que eu mal percebi.

Assim que ele chegou perto de mim, o que pude sentir foi somente paz e acolhimento. Eu sabia que ali eu estava protegido e que naquele momento eu não precisava mais ter medo de nada. Sem mesmo conseguir olhar nos olhos dele, fiquei grato por aquela pequena proteção que eu precisava tanto naquele momento.

Hoje, dia 23 de abril de 2024, dia de Ogun, sempre que essa data se repete é como se eu revivesse esse sonho e, em um piscar de olhos, meus pés voltam ao chão, mais protegido e mais fiel. Afinal, te entreguei nesse momento as minhas batalhas para receber a tua paz!

ogunhê meu pai

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Helton Silva

Visual and Product Designer , Comunicador e Empreendedor Social.